domingo, 12 de abril de 2015

Soneto 149

Se contra mim mesmo a ti me encareço, 
Como podes dizer que não te esmero? 
Não penso em ti quando de mim me esqueço 
E em teu tirano amor não me encarcero? 
De amigo aquele que te odeia chamo? 
Trato com afago a quem tu bem não vês? 
E inda: se a mim és má não me proclamo
Em dor e não desdenho o meu prazer? 
Que valor posso achar em minha estima
Que me leve a zombar de teu serviço, 
Se ao teu defeito o meu melhor se inclina
E escravo sou de teus olhos, teu viço? 
            Odeia, amor, que assim o que és me aclara;
          Sou cego e aos que te vêem te declaras.
 

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